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Serve-me um copo de vinho.
deixa-me olhar-te




















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De costas no vento

Entornou-se nos campos em bolsos de ar. Delimita-me no envolvimento dos nossos braços que contagiam ausências de conhecimento. Ajuda-me quando me sentires abraçar as tuas costas. Chávenas escaldantes de vozes que sobem às núvens desenhadas por fumo. Fecha-te nessa caixa que transportas à luz e não regressas ao amor. Agora só o céu e caracteres fundidos em ti, numa cadência sinistra. És som nos meus pedaços amontoados em cascas escavadas num prato que tem o teu sabor.






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(publicidade ao amigo da amiga que é meu amigo)

"A maldição sente-se por toda a região do Barroso, no lado transmontano do Gerês. É, afinal, uma terra de esquecidos, onde o lobo ainda consegue resistir. Aqui, aprende-se desde a infância que o «bitcho bravo» tem poderes sobrenaturais e é amigo do diabo. Faz-se-lhe caça. Lobo peludo não pode por isso confiar em lobo calvo, o animal que se levanta em duas patas e mata tudo o que encontra pela frente. Mas todas as guerras têm os seus dissidentes e, neste caso, ele chama-se Chico dos Lobos. Esse que passa noites na serra a falar com as alcateias."

Lançamento do Livro, BITCHO BRAVO de Ricardo Rodrigues
dia 28 de Junho, às 19H00, no Bar A Barraca.

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Waiting for the miracle

Existe um amor no Porto.
Voltei a um dos livros que circulam lá por casa do Manuel Jorge Marmelo, Porto: Orgulho e Ressentimento”, no fim de semana. Desde pequena que o fascínio pela cidade da outra margem me aparecia pintado, lembro-me de a ver sobre uma tela, imaginava as casas em sobreposições perfeitas, o que não via não existia. era assim a cidade.
A festa começava quando eu fazia força para um 'vamos passar o rio'. E a madrinha Ester lá cedia (a terra que a recebeu durante tantos anos, a si e à sua família, que me perdoe). Vila Nova de Gaia é de longe um lugar - não cidade - que esvazia a alma.
Amei por um dia no Porto. Saí de Lisboa já apaixonada. Na Estação de São Bento vi-o encostado a um dos elegantes pilares, o momento disse-me que o podia amar. Não precisei de mais nenhum aviso, são raras as pessoas que sabemos que podemos amar. Acredito no amor quando o vejo, quando não está, acredito apenas numa vontade.
Hoje sonhei com o anjo de cabelos encaracolados, adormecia com uma história contada pela primeira vez. Vi o olhar, o sorriso e o toque na ponta de dez dedos com contornos circulares. Sobre ti tanto para escrever, mas são vontades que ficam cá dentro, tu sabes tudo isto.

Of all the gin joints in all the towns in all the world,

she walks into mine.
Humphrey Bogart


(título, Leonard Cohen)

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Entre o Céu # Terra











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Tecido estreito

No entendimento escrevem histórias curtas que se convertem em segundos, planos obscuros entre mágoas translúcidas.








Desejamos gargantas a céu nas pernas que os olhos atingem.
Cai em mim.

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Articular opostos

Nas sombras incompletas do sal que me roubaram, afasto a aparência nas noites que se concretizam. Se és cinza no presente o que serás depois do momento?
Descanso completo quando chegas ao que queres, não seguido do branco mas entre. Entrego a fuga numa mão, a outra guarda-te tendo força menor.







Defecam partes da visão de um corpo insuportável entre ódios que se acumulam em camadas espessas. Grãos e terra. Que se foda o amor e surja tudo o que nos resta.
Alguém apagou o meu nome.



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Para o fim de semana vão na mala. The doors e o...

Samba da Thê

Oi Tê-lê-lê
Oi Tê-lê-lê
Eu iá fui gótica dê modê o pescôço
Eu iá fui freak dê chupá o cárôço
Iô meu amô mê deixô
Iõ meu amô mê deixô
Oi Tê-lê-lê
Oi Tê-lê-lê
Agora sô tia carêta
Casaquinho cô-dê-ró
Sapatinho dê cêra
Cházinho e pâ dê ló
Oi Tê-lê-lê
Oi Tê-lê-lê
Pô favô, volta mê amô
Pô favô, volta num pé
Poquê sê nã volta,
Acábo vóvó dê crouché
Oi Tê-lê-lê, quero sambá com vócê
Oi Tê-lê-lê, quero sambá com vócê

Do sempre presente mestre (amanhã J.P. Simões?)

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Ele seca-me

A viagem ficou marcada para hoje.
Estou há demasiado tempo cá fora. Primeiro um estalo. de seguida os dentes cerrados na boca que desejam o sabor metálico de um timbre que não reage.
Estou há demasiado tempo cá fora. A viagem. Ouço ao telefone a minha mãe, diz, para ela tudo é nojo. O ela sou eu.

Não liguem Não escrevam.
Vou para dentro. Faltou-me escrever a desilusão.

Não somente a minha.
Estava à espera que as sombras chegassem à minha janela para poder fumar.

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Os pêlos também pesam






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Sentindo

Voltar no sempre.

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(posso chamar nomes feios e compridos aos leitores?)

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Circunstância

Insuportável. A [ T ] foi-se, o resto está insuportável. Abre-se hoje mais uma caixa, das pequenas, que trazem pó de paciência.

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Say that it is a crude effect, black reds,
Pink yellows, orange whites, too much as they are
To be anything else in the sunlight of the room,

Too much as they are to be changed by metaphor,
Too actual, things that in being real
Make any imaginings of them lesser things.


Wallace Stevens, Bouquet of Roses in Sunlight

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Quinta-feira, Junho 15

Noite sem (ser)
(sempre fui péssima com os dias. o tempo em si)

Espero-te sempre por aqui, não no quarto nem na sala.






A saída num ano.

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Materiais

Medição do tempo quando o silêncio nasce e consegue-se criar.
Significados em objectos singulares.

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Inércia (3)

Conversas inteligentes no conforto de um lar escolhido. queques de chocolate (pela segunda vez nos cinco dias que contam) pelas mãos da amiga de sempre. maranhos, entre estreias. Lisboa a pés, luzes que se cruzam mas não ao toque. Sabe bem, pôr a mesa.

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Inércia (2)

(os linques minam o post)

As palavras que debito são apenas entendidas dentro de mim,

(...) mas tu, dentro de ti, vives no sótão que só se abre da parte de dentro. e às vezes ficas cá fora. (...) e cito-te, sem autorização prévia.
Mas, as que se seguem, explorem-nas. Diluam-nas num modo de ver. De todos os nossos olhos nascem realidades distintas, memórias que se agrupam e por vezes não saem. A transformação acontece dentro. Deixem sair. Para além do que querem ver. Tudo é válido.


Pictures are not movies # 10
Going from red to blue.
António Olaio

UNDER THE STARS de António Olaio,

de 11 de Maio a 29 de Julho das 19h às 23h na ZDB.

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Inércia (1)

Anda por ali, entre o Adamastor e as escadas vertiginosas, que levam à chuva e ao negro do rio. Encanta, e lá consegue levar um euro. Distribui rimas escritas e imagine-se... orais. É só uma moeda, mas não valem tostões (o Senhor goiaoia, e o Senhor é propositado, bem tentou!), se sair prémio escolhe uma escrita, se for o contrário leva com uma oral. Venha o prémio que o blog merece!


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O vento disse-me não sei se ontem ou hoje ou amanhã, Chuva. E, mandou-me embora. Uma pausa para vir dar cor ao plástico frio das teclas em que escrevo. Sinto-me bem. A oportunidade do tempo é preciosa. Esperei que abandonassem o meu canto de areia molhada e todo o meu mar e desci. Senti o corpo gelado e chuva por cima, os dedos salgados e os olhos doces. Ainda hoje amigo te escrevo uma carta, a ti que não queres o meu olhar mas reclamas a minha sensibilidade. Ainda agora paro o que me chama e levo-me a ti. Vou. continuar. se tudo isto não me preencher. recuso o branco e o preto todas as cores estão aqui.

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Esgota o menos

Num quinto a noite torna-se densa. é sempre. agulha injecta tranquilidade. finalmente (ponto) Demasiado para fazer.





Nas construções de túneis. Abençoada por ter largado a cidade, sem o capricho de querer voltar a passar nas mesmas árvores (ponto::alvo::transita) Tanto por fazer

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[ T ]+estrelas+avião+lua

(pela Rafaela)

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T(r)emer no anonimato

Nas minhas axilas trago a ponta dos teus dedos.
São translúcidos os teus toques na irritação suspendem o vermelho que devolve.
A voz sai de dentro quando não puxas nada. por ela. Toques submersos na limpeza do dia.










As palavras que não têm som nem cheiro.
Dispersam os sentidos.
Mãos em toques na sobreposição e sombras. O ruído da voz no feminino.










Comichão entre o ardor dos lábios encarcerados num palavrar de sentidos.
Voltas completas entre escombros e massa que se cola transfigurando a loucura.
Varre a memória que tranca dessinteresantes momentos.








Suja-me.

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claras

Manhãs longas em que me emprestam os gestos.
Devo continuar a fazer. o que o mundo me pede.
Domir.Acordar.Banhos e Comida.Vestir.Sapatos.E Lentes. para ver tudo o que não anseio. Estranha esta condição. Serei mais se ignorar os meus segundos olhos?

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A Mentira é branca.

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Sons do choro

(ou post não indicado a pessoas sensíveis)

- Ouvem?
- Não
- Sentem o silêncio?
- Sim
- Ah





Ficar com a língua. comer os meus lábios Fiz para não respirar era a dor de te arrancar com as unhas sujas de carne.
Lascas de pele não só lágrimas. Sons do cheiro por nada ser. Lixo. Corpos torcidos na distorção dos olhos que não se cansam. tento livrar-me do mal que fomos. A água traz ilusão.
As mãos e os dentes são objectos de corte. Reinventei as funções.










O que pode oferecer pode destruir e incendiar uma cidade. Que estrela que queima por dentro sem dizer o que quer. Arruina num fogo lento, os objectos transformam-se em armas de destruição. Desfiguram o que sou.
Trincar um dos lábios. deixar a saliva formar-se num sabor metálico. Manter os olhos no escuro até que se fechem. Esperar o cansaço. Fechar-se e só depois sarar as feridas com as tuas mãos.

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'publicidade'

Amanhã no Lux. deerhoof. (os amigos. servem para isto.oh pois sim)

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Sem princípio e fim

Os seus cabelos feitos de fios de prata a sua pele de uma brancura penetrante o seu cheiro numa frescura intensa. Recordo os seus dias de inocência, em que o seu sorriso tocava-me através das janelas do seu quarto no corpo como pétalas. Conheci-a assim. Crescia dentro daquele corpo de criança protegida num aquário. Vi tudo através da transparência que de dia agarrava mais sujidade, com vontade de absorver qualidades de um material que gosta de mostrar. Enquanto dormia apaixonava-me, nos dias claros observava-a pintando a árvore, era feliz e ela não me via. As horas em que limparam os vidros das suas paredes ela saiu, guiaram-na pelos corredores de uma cidade que a envolvia de sortidos de brincadeiras, de travessuras, de esconde-esconde, de cabra-cega e atira-ao-alvo. Foi a última vítima que não pude socorrer. Perdi-a, e nesse dia regressei à sua pintura, escondi-me lá dentro com medo que os céus reclamassem a minha vida incapaz. Deixei de reconhecer a luz do dia e apodrecer todos os sonhos. Cabelos de prata ao vento ali estava ela, pousei a minha mão sobre as dela e trouxe-a de volta.

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Parte III

Mas não o suficiente. Saímos do Teatro com uma sensação de ................ (isto mesmo, de ................ nada).
Gostava de saber escrever aqui a loucura de Medeia. Leiam. Conheçam e construam nos vossos pensamentos. Mas conseguia fazê-la sair do meu corpo. Ontem apeteceu-me subir às tábuas e desafiar Manuela de Freitas na construção do diálogo feroz entre a razão e a loucura. Falta muito a esta peça. Desde um coro (necessário!) irritante a uma Medeia que se arrastava num sofrimento mas que não estava louca a um Jasão que de banana tinha tudo. Não desisto do D. Maria. Onde ficou o mito e a sua densidade dramática? (não vou continuar, porque apetece-me continuar a dizer mal) Salvam-se duas personagens.

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Parte II

Um festival vive das misturas, das comparações e cumplicidade dentro da cabeça do espectador. É lá que ele acontece.

Mark Deputter


Começa hoje. festival
alkantara.

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Parte I

La Voz de España. Rocío Jurado. (morreu).