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Coisas estranhas acontecem

E, se de repente um desconhecido lhe oferece uma cama, arroz, pescada e esparregado?
Isto seria...

(esqueci-me de perguntar se tinha direito ao pequeno almoço...)

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Depois de outro

E agora?
Estive lá. Mas não devia.

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5 para a mesa da frente

Há dias em que detesto esta fotografia, demasiado tudo sem o ser. Coberta de drama sem sentido. Há dias em que anulo cretinos à face da terra. Há dias em que digo que não, sou arrogante e indiferente. Há dias em que sou fria, esse é o significado, fria, implacável. Há dias em que cerro os dentes. Há dias em que fecho as mãos e cravo as unhas compridas na pele. Há dias ordinários. Em todos esses dias dependo dos meus olhos, da dor ou do ardor. Da sua vontade de ver ou de chorar pela manhã. Não sou eu que os passeio, tudo o resto que depende deles, hoje, assustam-se com a fotografia.

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Get your hands together

(o post que aqui estava vai ter que ser pensado. por falta de momentos radiosos e preenchidos de criatividade - porque ela anda a pairar por outros campos, um sorriso por isso)

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Antes de outro

Ainda é cedo para lá voltar. (tarde). e o coração? que estúpido treme. A minha saia dança abraçada ao vento frio e o sol fecha-me os olhos. Um beijo. em três. e o coração estúpido ainda treme. Mas os sonhos ficam sem força. Com desejo sem produzirem efeito no corpo que se deita ao meu lado.

Ainda é cedo para voltar.

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Ajuda à navegação

O almoço estava picante. mas acabou docemente.

(peço, a quem conhece, características destas duas ruas, da cidade do Porto)

. Rua da Conceição
. Rua da Fábrica

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depois já sem luz.

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Manhãs na linha de cascais

luz e meia. dança e sorrisos entre mais.

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Desejo (com dor)

quando os dias assim, existo neles apenas em pele. sem líquidos nem carne sem passado nem ti. e, todas estas escritas - retorcidas - em mares que se calam nas minhas perguntas. escrita absurda desprovida de sentidos por sentimentos. Dói-me a alma e não sei onde deixei a minha raiva! Tudo isto é merda! Centro-me nesta dor.

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O mais-que-perfeito

Ah, quem me dera
Ir-me contigo agora
A um horizonte firme, comum
Embora amar-te
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que nem presumes

Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais cuidado
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te

Ah, quem me dera ter-te
Morar-te até morrer-te

Vinicius de Moraes

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Repara como se mexem. O-dei-o-te

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Se cravo os saltos no chão
é para que me oiças. como o lobo mau - em cima da princesa.
A tua pele também furada.

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no strings attached

Quando é que fodemos?

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Ciúme

As noites. somente as noites que não existem todas, não são elas todas tuas. Diálogos entre ti escritos em mim até à exaustão me adormecer. Palavras surdas que desaparecem nos pontos da escuridão. São elas que rodopiam pela luz selvagem a atingirem um ralo. Pequenos os orifícios que circulam em mim nas noites.








De dia escondo-te mais na terra. Vais nascer montanha, grãos de terra secos, perdidos na vida sem que olhos azuis do céu lhe toquem a boca ensanguentada. Que rosto marcado caiu sobre nós envolto num manto negro. terra e cinza. na raiva que consome a luz do meu olhar.

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Ninho







Esforça-te para me criares de dia. espreme e bebe o que de mim consegues, para que exista perante ti. Em contacto com o teu ser de corpo de criança e lágrimas doces. O que ganhas quando não perdes nada? O que te dou se não me crias. Não me exijas o tempo. que o passe e apalpe de olhos bem fechados no meu interior objectos e que com a boca procure junto às pedras que pisas, o líquido que me traz a tua vida.

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Ambiência (sujidade)


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Antes (apodrecer)








Atrás de mim.
(pausa)
Vazio! É difícil ser-me mosquito. Que sorrisos disparatados oiço dentro de mim. Trazes à tua cintura a corda que roubei ao pescoço do condenado pelos nossos pecados. Individuais um cada um. À minha frente um nada. Tu.
Não gosto do chão em que me deixas.

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"Ela volta a fechar os olhos; as palavras não atravessam o seu sonho. Esse sonho pesado onde borbulha um sangue violáceo e que eu não posso sonhar. Não. Não voltes a adormecer. Acorda já, acorda para sempre. Ela abriu os olhos, abriu os lábios, estava de novo perto de mim e eu não soube guardá-la. Era preciso penetrar à força e em cheio no seu coração, rasgar os nevoeiros, e obrigá-la a escutar-me, suplicar-lhe: permanece viva, volta para mim. Volta; ainda ontem era tão fácil. As mãos pousadas no volante, olhavas o céu, dizias: que bela noite. Uma noite demasiado bela, tão suave. Sorrias: voltarei. Nunca mais voltarei a ver o teu sorriso. Dir-se-ia que o seu lábio se tornou demasiado curto, aparecem-lhe os dentes e tem as narinas comprimidas; na sua carne viva, há já um cadáver que se modela. É preciso fechar os olhos, esquecer esta máscara de morte; amanhã já não serei capaz, já só verei a máscara. «Voltarei.» Deveria ter lançado os braços à tua volta e não os abrir mais: não te vás embora; amo-te, fica comigo. Ouviste-las, estas palavras e partiste; eu deveria tê-las gritado mais alto. Amo-te. Agora eu falo e tu não ouves. Escutavas-me tão apaixonadamente: e eu calava-me. Será que não voltaremos nunca para trás, em nenhuma vida? Ela está ali tão próxima (...)"

Simone de Beauvoir, O sangue dos outros.

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Ambiência (podre)

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Como eixos












Alma sem substâncias trazidas ao pequeno nariz.
(o que queres dizer?)
Fazer de conta que existes ao redor do teu corpo. Destilar na rede da tua procura. Basta de objectos máscaras de distâncias. Pensas em mim hoje?
(aprende então a mostrar-me)

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" Os olhos dela corriam atrevidamente por toda a minha cara, bisbilhotavam cada ruga, cada prega da minha testa; mas ela estava embaraçada com a sua boca demasiado suave, passava desajeitadamente a língua pelos lábios.
- Porque não respondeu às minhas cartas?
- Mas eu respondi.
- Uma vez. Uma frase de quatro linhas.
- Não havia mais nada a dizer.
Ela olhava-me como se tivesse vontade de me bater. "
Simone de Beauvoir, O sangue dos outros.

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Thanks my love














Eu expliquei-lhe que me portei mal no pós operatório, que ia destruindo uma maca aos pontapés porque não conseguia respirar, que tratei mal a paciente enfermeira que me limpou as lágrimas e me deu água à boca, que disse palavrões aos malditos que me operaram à garganta e não aos olhos... eu disse-lhe tudo isto. Mas este já é meu! Porque me portei bem no hospital, e na vez do chupa recebi este cd indescritível, a voz. joanna newsom.

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Hoje, quem conduz o sonho

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Medo.

(no silêncio, serenamente)

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Três números










comecei a comer. abandonaste o pincel da tua presença no meu rosto nas tuas mãos brutas esvaziadas do que há dentro enquanto suspiro escorrida numa cama. as veias incham e poupamos na trovoada que agita o velho coração. Não passará desta noite. Nada de flores, nada de carro funerário. esconde-me apenas entre os lençóis e o teu corpo. nas linhas finas e cheias da tua pele. cria-me de novo reinventa-me a cor dos olhos o sorriso nos lábios claros aos teus.
Usa as mãos constrói um cubo com uma janela no peito onde eu posso entrar comigo. no abrigo da minha consciência que chegas e vences a minha alma.
fecho todas as portas. custa-me tanto falar. um dia mais tarde para ti levarei uma faca ao peito. em dois dou-te o meu espaço.