O fogo da loucura e água salgada
o nevoeiro traz-nos a história que não se inicia nem termina, com um fim. apenas aparecemos e voltamos a desaparecer. basta o bater dos olhos num movimento rápido de - nem abre nem fecha - num momento em que a sentes longe e ela desaparece. volta sem contornos já demasiado perto. a seguir, é a tua vez. o nevoeiro traz-nos a ilusão na imaginação dos sentidos. onde a vontade se culpa em imagens na fertilidade dos sentidos. preenche vazios interiores. o nevoeiro. lugares que desconhecemos ter. corredores e lâmpadas fundidas captadas pelo fumo. e o que é o fumo? e nos sinais o que se escreve? o tempo quer marcar o correr e a busca. até ela voltar a tropeçar em ti, porque já pode tudo sem nada. provavelmente deveria falar na primeira pessoa. não posso deixar o nevoeiro. sou apenas uma presa. tal como a partir de uma gota de tinta se largam palavras contra uma porta que teima em manter-se fechada, mas o fumo nunca me irá permitir chegar, porque só o toque me contará a verdade da porta. pelo caminho perco-me com tantas outras coisas... os corpos não se distinguem do real e do virtual, não se descolam, mostram-se como nós os queremos, num segundo mais direito de seguida um abraço que dispara a mão numa direcção. passamos afinal a sombras. talvez, sermos quem queremos sem nos esquecermos de nós(?). aqui não se exploram limites nem formas, não é a porta que interessa, não se fecha ela num objectivo. misturam-se espíritos e marcas de luzes. aqui o destino passa a ser a própria derrocada posta em destaque por um sonho. e o nevoeiro leva-nos a ele. é isso, um sonho. é a própria morte. seguida da vida. densocerrado esse nevoeiro e eu num baloiço em movimento entre ti e o que te quero. Mas o mar é profundo. Experimenta viver e morrer na palavra amor.


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